domingo, 8 de abril de 2012

O Táxi

I
Saio com ela da discoteca, olho novamente para a cara dela, vejo aquele belo cabelo moreno, liso, bem liso. Os lábios bem delineados, parecem que foram desenhados por Da Vinci. Esperamos por um táxi, falamos de casualidades, em que já é dia e que foi uma boa noite. Sinto, uma atracção única, duvido que sinta o mesmo. Não sei se é casada ou divorciada, pelo menos não usa aliança. Nos poucos momentos que tivemos juntos, teceu alguns comentários sobre mim.
Apareceu um táxi. Abri-lhe a porta e deixei-a entrar. O táxi arrancou. Ela indicou a morada de sua casa.
- Chiado. Olha para mim e diz. Subúrbios?
- Caparica.
Começamos a falar. Inesperadamente a minha mão cai sobre a sua perna. E em 5 segundos começo a beija-la, ela sobe para o meu colo. E beijamo-nos de forma descontrolada, apaixonada talvez?
Ficamos em casa dela, foi escaldante, muito escaldante, que mulher! De manhã repetimos tudo novamente – extraordinário! Não interessa entrar em detalhes «Millernianos». Oferece-me o pequeno-almoço. Eu recuso. Começo a vestir-me. Roupa simples, casual. Trocamos uns beijos e despedimos. Até já.

II
Não é muito alta. É morena, cabelo para o curto. Magra. Vestia calções de ganga. Como poderia Eu resistir? De manhã foi ainda mais escaldante. Possuía-la está ao alcance de poucos. Ainda me questiono como esteve ao meu alcance.
Fui a casa. Tomei banho, vesti-me e saí, para me encontrar com o Rui.
Caminhávamos para uma reunião com a editora. Estava um dia solarengo. As ruas cheias. E Lisboa cheia de alegria. Chegámos ao edifício. Entrámos, apresentámo-nos e fomos encaminhados para a sala de reuniões. E quando olho para quem entra. Relembro-me imediatamente dos calções de ganga. Olho para ela, recebo um sorriso típico destas reuniões.
A reunião corre bem. O meu livro seria publicado. Na rua digo ao Rui. Ontem à noite fodi a morena da reunião.
- Estás a gozar?
- Não, não estou.
- Estás sim.
 Continuamos. Ele não acredita.


III
Nunca soube como abordar uma rapariga. Não acredito em homens especiais de corrida que façam abordagens demais originais. Acredito que sendo giro, bem giro a abordagem na maioria das vezes é bem-sucedida; que sendo feio, bem feio a abordagem na maioria das vezes é mal-sucedida; não acredito no meio-termo. Também não acredito em frases que façam a diferença. O que aconteceu foi que cruzamo-nos e trocamos olhares. Ela sorriu. Eu fiquei empolgado. Ela aproximou-se com a amiga. Eu aproximei-me. Chegou a altura de abordar. Como meio-termo que sou, disse o normal.
- Olá! Como te chamas?
Não me respondeu, fez uma cara de desilusão, olhou para a amiga, que se riu. Fiquei pasmado. Que deveria ter feito. Questiono-me durante dias. Penso no que fiz de errado. Como poderia ela esperar outra abordagem?

IV


Passado uns dias, descobri que ela é casada! Mais à frente escreverei sobre isso.

Passado uma semana da discussão sobre a publicação do meu novo livro, tive uma sessão de leitura de alguns poemas que escrevi no início da minha carreira. A Livraria em causa ficava numa rua onde passa o 28. Antes da sessão fui até ao café emborcar uns copos de Licor Beirão para ganhar o respectivo ânimo.
Comecei a leitura com o poema “A Nesga” e terminei com o seguinte poema "A Escada Rolante".
Na escada rolante
Vislumbrei os teus collants
Eram pretos, rendilhados
Gostei, oh se gostei!
Do que olhei
Fiquei deslumbrado
Magnifico, dizem alguns
Perfeito, digo Eu!
Sempre achei estas sessões uma enorme seca, em especial porque depois de ler tenho de responder a questões, algumas nem percebo o que querem saber. Por isso, que bebo antes, assim saem respostas, mesmo que sejam merdosas.
Neste caso, a sessão estava repleta de mulheres. Durante algum tempo, miquei-as para ver o que por ali rondava.
(a continuar)

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